Mano, eu não confio em banco

Mano, eu não confio em banco

"Eles acham que eu compro ouro pra ostentar.
Mano, eu não confio em banco"
- BK, Porcentos 2
Traçar um paralelo entre a música, a cultura de rua e a joalheria é falar sobre a ocupação de espaços sociais e a resistência negra.
 
Caminhando pelo nascimento do Rap no Brooklyn e no Bronx, a forma que os pioneiros do gênero encontravam de valorizar sua estética e reafirmar seu valor era através de roupas e acessórios exagerados.
 
Casacos chamativos, chapéus, pulseiras, anéis, cordões de correntes grossas e brilhantes eram muito comuns, e além de amuletos usados para marcar a presença da população nas ruas, as joias carregavam um peso utilitário importante na resistência dos artistas marginalizados.
 
Naquela época, as pessoas negras e periféricas não podiam andar tranquilamente com dinheiro. Qualquer tropeço era aproveitado para impedir seu crescimento financeiro. Por isso, muitas vezes o ouro e a prata que levavam no corpo garantiam que sua grana não fosse apreendida injustamente, serviam como pagamento de fiança dos seus parceiros, e em casa eram a poupança
.
"O sábio disse: comprar ouro é uma das forma de guardar
Ao mesmo tempo brilhando"
- BK, Porcentos 2
 
Cruzando o caminho do Rap desde o início, as joias tornaram-se parte da identidade dos rappers e trappers, como uma espécie de assinatura. Pingentes e anéis personalizados que muitas das vezes chegam antes de seus donos.
 
No Brasil, Poze do Rodo, Cabelinho e TZ da Coronel são exemplos de artistas que têm joias tão pesadas quanto o talento. O poder do ouro, nesse caso, não é só o poder do dinheiro, mas sim da mente, da criatividade e da capacidade de contar histórias através da lírica.
Alguns rappers ao redor do mundo inclusive conquistam parcerias com joalherias ou produzem os próprios acessórios.
 
 
Para ouvir enquanto lê, a gente preparou essa playlist. 
Se curtiu esse conteúdo, a gente recomenda:
"Contado através do prisma multifacetado das joias, Ice Cold explora a habilidade do Hip Hop de reimaginar e transcender conceitos arraigados de riqueza, status e superioridade. Por Migos e outros nomes da cena."
- Migos ATL
Livro Ice Cold - Review
 
Livro que, através de imagens, traz rappers que têm como assinatura acessórios icônicos.
"Conto histórias através das roupas e acessórios há tanto tempo quanto o faço com batidas e rimas."
- Slick Rick
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